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sexta-feira, 24 de abril de 2020

O Solar vai a casa 3...

RELER OS ESCRITORES QUE FALAM DE NÓS. 
Neste tempo de reclusão sanitária será boa ideia voltar a reler os grandes escritores que escreveram romances e novelas passados em Gaia pelo menos Garrett, Camilo, Teixeira de Vasconcelos, Rentes de Carvalho.
Falemos de Camilo: podemos encontrar enredos e personagens locais pelo menos nos seguintes romances: Aventuras de Basílio Fernandes Enxertado; A Sereia; Onde Está a Felicidade?; Um Homem de Brios; Aventuras de Guilherme do Amaral; e A Doida do Candal. Tendo feito deste lugar de Gaia o palco privilegiado de vários destes enredos, o que mostra que o conheceria muito bem, dedicou igualmente muitas páginas a Vila Nova, a Oliveira do Douro, a Vilar do Paraíso e ao Senhor da Pedra.
Mesmo o título nobiliárquico que escolheu - visconde de Correia Botelho - poderá ter sido sugerido por um ramo de sua família que tinha interesses no Castelo de Gaia. Estas leituras poderão ser acompanhadas por um passeio pelos lugares referidos a descobrir as diferenças de ambientes do século XIX e dos nossos dias. Boas leituras.

terça-feira, 14 de abril de 2020

O Solar vai a casa 2...


TEMPOS DE EPIDEMIASA EVOLUÇÃO DOS HOSPITAIS EM GAIA.

Hospital da Misericórdia de Gaia, Jornal de Notícias,24 de Abril de 1935
O tempo presente pode servir para inquirir a História e refletir sobre ela. Gaia tem hoje um Centro Hospitalar de excelência, mas tal remonta só a 1977. A referência mais antiga aqui a um hospital é de 1486 e por causa de um surto epidémico. Situava-se junto da capela de S. Nicolaínho no Monte da Meijoeira (depois Hospício do Sr. d' Além na Serra do Pilar). E vagas notícias sobre uma albergaria/hospital nos baixos da Capela da Senhora da Piedade da Areia. Outros nos Mosteiros de Grijó e de Pedroso. 

Sanatório Marítimo do Norte, postal antigo
Ainda antes do século XVI existia o Hospital de N.ª Sr.ª do Castelo de Gaia para viúvas de homens do mar. Poderia ter sido o embrião de uma Misericórdia de Gaia, não foi. Durante as Invasões Francesas e as Lutas Liberais existiram breves hospitais de campanha no Mosteiro de Grijó. Só no século XX aparecerão hospitais permanentes: o Sanatório Marítimo do Norte (1916); a Clínica Heliântia (1929); o Hospital da Misericórdia de Gaia (1935); o Sanatório D. Manuel II (1949; depois Hospital Eduardo Santos Silva). Em 1966 um novo Hospital da Misericórdia de Gaia (Manuel Moreira de Barros). Estes dois últimos, depois de remodelados, deram então origem em 1977 ao atual Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia e Espinho. Um longo percurso. Para saber mais: GUIMARÃES, J. A. Gonçalves (2007) - A Saúde em Gaia noutros tempos. «Boletim da Associação Cultural Amigos de Gaia», n.º 64, p. 20-29; Hospitais de Gaia um século de História. Porto: Fronteira do Caos Editora, 2008.

J. A. Gonçalves Guimarães

quinta-feira, 2 de abril de 2020

O Solar vai a casa 1 ...

EPIDEMIAS DOUTROS TEMPOS: OS SANTOS PROTETORES
Dificilmente o cidadão atual nos países ocidentalizados imagina viver sem hospitais, assistência médica, medicamentos. Mas noutros tempos não era assim: as epidemias sucediam-se, a Medicina pouca e empírica, os fármacos raros. Em busca da esperança de cura os crentes cristãos apegavam-se aos santos protetores e, no caso das pestes, a dois deles: S. Sebastião, soldado romano martirizado com setas no século IV, em 680 invocado em Roma para salvar a cidade de uma epidemia e a partir daí onde elas apareciam. O seu culto generalizou-se. 
Por exemplo, em 1758 no concelho de Gaia, um seu altar ou imagem existiam em 16 das 23 igrejas paroquiais, para além de mais duas capelas. E o antigo largo da Bandeira dos cordões sanitários teve a sua capela no final do século XVIII, passando desde aí a chamar-se Largo do Mártir.
Outro protetor era S. Roque, nascido em Monpilher, França, no século XIV e que sededicou a tratar dos empestados, acabando por ficar infetado. Padroeiro dos calafates, em todos os portos de mar havia uma capela ou altar que lhe eram dedicados. A de Vila Nova de Gaia situava-se em frente da Fonte de S. Roque e foi demolida em meados do século XIX. A sua imagem guarda-se hoje na capela da Sr.ª da Piedade da Areia, à Beira-Rio. Mas todos os anos um romeiro que escapou de doença grave cumpre a promessa de ir vestido de S. Roque na romaria de S. Gonçalo em janeiro.