OS ROMANOS ENTRE NÓS.
Glocalização e ecologia marítima no contexto da navegação e comércio romano na Fachada Atlântica do NW Peninsular
Prof. Doutor Rui Morais
O Noroeste Peninsular abarca um território banhado por uma ampla frente marítima oceânica. O estudo sobre a navegação e comércio nesta região deve levar em consideração a alteração da linha de costa ao longo dos tempos, pelo que é fundamental o cruzamento das fontes literárias e epigráficas e do registo arqueológico e cartográfico, com as evidências diacrónicas da geomorfologia e da sedimentologia nesta franja costeira.
A ocupação romana implicou uma lógica associada a diferentes formas de controlo territorial que obedeceram a uma interface marítima/ portuária/ terrestre. Essa lógica contemplou três espaços, cada um interdependente e dependente do outro: o espaço navegável (utilizando os canais de navegação), o espaço de cargas e descargas (utilizando uma praia ou uma zona de desembarque com cais e rampas) e as áreas de armazenamento e redistribuição de mercadorias, com áreas de rutura de carga e transvase de produtos. Assistiu-se também a transformações ecológicas da paisagem costeira que trouxeram a desflorestação e a transformação da paisagem, mas também processos inversos de florestação com fins económicos, muito provavelmente associados à construção naval, num processo que designamos por “ecologia marítima associada à navegação e comércio”, como se testemunha, por exemplo, na plantação de uma floresta de Pinus na franja costeira de Esposende, muito provavelmente associada à construção e reparação naval.
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